Há alguns anos, educar era uma tarefa menos complicada, uma vez que os papéis estavam plenamente definidos, ou seja, as crianças sujeitavam-se às regras dos mais velhos, sem qualquer contestação. Com o passar do tempo, alguns pedagogos vieram dizer-nos que este tipo de educação estava incorreta, que era necessário ouvir as crianças e permitir-lhe uma atitude mais participativa na relação com a família. Até aqui tudo bem, não fosse o problema de alguns pais terem cedido à tentação de cair no extremo oposto. Em consequência, assistimos hoje a situações em que o poder está nas mãos das crianças e toda a família evita contrariá-las, com receio que surjam traumas ou outras mazelas psicológicas. Esta ideia está totalmente errada, uma vez que o estabelecimento de regras, de limites faz com que a criança se sinta mais segura, uma vez que sabe até onde lhe é permitido ir.

As Crianças Precisam de Limites

Na perspetiva de uma criança, os limites podem ser desagradáveis porque a impedem fazer o que bem lhe apetece mas, ao mesmo tempo, funcionam como barreira que preserva a segurança. Por vezes até existem razões que se prendem com a segurança física, como por exemplo, não deixar que brinquem com fósforos, objetos cortantes ou ir para a estrada brincar sozinho. Estas restrições facilmente se explicam, mas tudo se complica em situações mais subtis, que têm que ver com o comportamento e não estado ligadas a nenhum aspeto de perigosidade. Isto não significa que os pais devam estar constantemente alerta e a controlar todos os movimentos dos filhos! Os mais novos precisam de fazer as coisas por si mesmos e até de errar. Assim, há que avaliar as suas limitações e posteriormente aceitá-las.

Durante esta exploração dos limites e aceitação das frustrações, as crianças aprendem que as tarefas podem ser mais facilmente desempenhadas se tiverem a ajuda de outra pessoa, o que as leva a serem humildes, característica de personalidade que todos nós apreciamos.

As Crianças Precisam de Limites

Coerência entre pai e mãe

A coerência de atitudes entre pai e mãe é vital. Referimo-nos ao caso de alguns casais em que um dita uma regra e o outro anula-a ou substitui-a por outra. Ambos poderão ter argumentos assentes na preocupação e no afeto que nutrem pelo filho, mas a atitude que assumem poderá ser nociva para a educação da criança. Quando um progenitor desautoriza o outro, o conflito tenderá a intensificar-se, ao mesmo tempo que a criança passará a aceitar as regras de um e a rejeitar as do outro. Não será então de espantar que se comporte impecavelmente no caso de estar sozinha com a mãe mas, perante os sinais assuma uma atitude de desafio.

As Crianças Precisam de Limites

Fonte:

Teresa Paula Marques, diretora clínica da Academia de Psicologia da Criança e da Família

Pais & Filhos, número 298, novembro 2015

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