Um animal é sempre uma companhia. E pode ser aproveitada pelos pais na educação da criança se esta for, desde o início, envolvida nos afazeres e nos cuidados que qualquer animal envolve. Isto significa ajudar a alimentar, ajudar na higiene e acompanhar os pais quando é necessária uma visita ao veterinário para um exame ou para vacinas. Se a criança participar em todas estas atividades é ajudada a desenvolver sentimentos de autonomia, responsabilidade e confiança.

Para além disso, um animal pode ser sempre um companheiro de brincadeiras e aventuras e são muitas as crianças que vivem momentos de grande felicidade junto do seu melhor amigo. Claro que nem todos os animais são iguais. Habitualmente um cão é mais amistoso que um gato. E mesmo dentro dos cães nem todas as raças se comportam da mesma forma e algumas são naturalmente mais simpáticas para as crianças. É um fator a ter conta antes da compra. Mas não há bela sem senão. No outro extremo está a criança que é alérgica à saliva do animal. Muitas vezes basta estar num local por onde os animais passaram, como por exemplo a criança que vai visitar os avós e nesta altura o cão é levado para o jardim. Esta atitude nada resolve pois qualquer animal vai deixando o seu pelo espalhando pela casa e a criança não é alérgica à presença do animal mas ao pelo deste.

Animais de Estimação: Prós e Contras

Estas alergias são frequentes e muitas vezes passam despercebidas, mas acabam por ser descobertas quando se consegue estabelecer uma relação entre a presença de pelos do animal e as crises de sibilância da criança. Cerca de 10 por cento das pessoas (uma em cada dez) podem ser alérgicas a animais, e 20 a 30 por cento dos asmáticos têm alergia a animais. Os gatos são geralmente mais alergénicos do que os cães. Apesar de certas raças de cães poderem ser mais ou menos alergénicas que outras, não parece ser um aspeto muito importante. Mais importante que a raça poderá ser a quantidade de pelo, pois é habitualmente a este que as crianças são alérgicas. Já pelo contrário, outros animais de estimação como répteis, peixes ou anfíbios não são geralmente causa de alergias.

Animais de Estimação: Prós e Contras

Contactos ocasionais

Em caso de dúvida, o mais sensato é deixar que a criança contacte com cães ou gatos em casa de outras pessoas durante alguns meses antes de decidir trazer um desses animais para dentro de sua casa. Se após esses contatos ocasionais (em casa dos avós, dos tios ou de amigos) a criança nunca desenvolver sintomas de alergia, então a segurança será maior e a possibilidade de iniciar uma alergia já com o animal em casa será menor.

Por vezes os pais ficam presos entre a espada e a parede. Isso pode acontecer quando a criança adora um animal de estimação e se vem a descobrir que é alérgica ao animal. Quando isso acontece, a ideia de ter de encontrar outra casa para um animal de estimação é difícil de aceitar para os pais e principalmente para a criança.

Em muitos casos a decisão é mesmo a saída do animal mas alguns pais decidem experimentar manter a convivência tomando cuidados extra como manter o animal fora de casa (no mínimo fora do quarto da criança) e ter cuidados extra com a limpeza da casa. Nestes casos a higiene do animal assume uma importância ainda maior pois um animal que tome banho com frequência tem menos tendência para provocar alergias, apesar de isso nem sempre funcionar.

No entanto, há também que ter o cuidado de não culpar o animal por qualquer sintoma de alergia que surja na criança. Habitualmente as manifestações de alergia ao animal são bastante óbvias e surgem sempre depois de a criança estar a brincar com o cão ou o gato.

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Limitar as divisões

Algumas vezes as manifestações são menos evidentes e podem levantar dúvidas sobre o ou os verdadeiros culpados. Caso apareça alguma manifestação que possa indicar uma alergia, existem testes específicos (cutâneos ou análises ao sangue) para confirmar se essa alergia é mesmo provocada pelo novo animal de estimação. Se mesmo assim subsistem algumas dúvidas existe sempre a possibilidade de o animal sair de casa durante umas semanas, fazer uma limpeza e preceito de todas as divisões, e esperar para ver se a criança melhora dos seus sintomas ou se estes deixam de aparecer. Só em casos provados de alergia as medidas mais drásticas devem ser tomadas. De qualquer forma é sempre boa prática limitar o número o número de divisões que o animal frequenta.

É importante, no entanto, ter a noção de que mesmo que um animal não frequente uma determinada divisão da casa, existem sempre correntes de ar e correntes de ar condicionado ou ventoinhas que podem levar os pelos do animal de um lado para o outro. Em casa com ar condicionado, os filtros adequados podem ser muito eficazes na remoção de muitos alergénios, incluindo os provenientes de animais. Estes filtros devem ser usados pelo menos quatro horas por dia. O uso de aspiradores com filtros HEPA (de High Efficiency Particulate Arresting) são também muito úteis quando se trata de limpar tapetes, sofás, cortinados ou mesmo paredes.

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Regras e limites

Muitos pais têm medo que o animal possa magoar a criança e, de facto, isso acontece ocasionalmente. Felizmente não é muito frequente. Quando o animal cresce sempre dentro do mesmo ambiente aprende a comportar-se e a respeitar algumas regras básicas. Claro que animais com mais idade são habitualmente mais dóceis que animais mais jovens.

Também algumas atitudes podem ter influência no comportamento dos animais. Por exemplo, animais que são muitas vezes deixados em espaços fechados e pequenos, ou presos com pouca liberdade, têm tendência a tornar-se mais agressivos quando se sentem mais livres. De qualquer forma é fundamental que os pais não deixem uma criança pequena brincar sozinha com o animal de estimação pois ela pode não se aperceber quando está a ultrapassar os limites, o que pode levar o animal a morder, seja pois estar muito excitado, seja porque a criança, sem se aperceber, o magoa ou simplesmente faz alguma coisa do que o animal não gosta, como retirar-lhe um brinquedo. É também muito importante que a criança saiba que não deve incomodar o animal quando este está a dormir ou a comer.

Os pais devem também ensinar os filhos a lidar com situações inesperadas como a ficar parados se são abordados ou perseguidos por um cão desconhecido. A criança deve saber que não deve correr, montar na sua bicicleta, chutar uma bola, ou fazer quaisquer gestos ameaçadores. Pelo contrário, devem enfrentar o cão com serenidade e recuar lentamente até que esteja fora do seu alcance.

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Transmitem doenças?

Uma dúvida frequente dos pais diz respeito à possibilidade de transmissão de doenças. Atualmente os animais são vigiados com regularidade por veterinários e os seus donos são obrigados a manter em dia uma série de vacinas. Por esta razão, os animais domésticos não são habitualmente causa de outras doenças, nomeadamente responsáveis pela infeção da criança por parasitas intestinais. Não faz muito sentido, pois isso “desparasitar” a criança com regularidade só porque existe em casa um cão ou um gato.

Em resumo ter um animal em casa pode ser estimulante e ao mesmo tempo educativo para uma criança. A principal preocupação é a possibilidade de alergias, que se podem manifestar algum tempo após o contacto com os pelos ou a saliva do animal. Algumas medidas simples podem ajudar a lidar com uma eventual alergia caso esta surja.

Fonte:

Paulo Oom, pediatra

Pais & Filhos, número 300, janeiro 2016

 

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